Exercícios em pessoas com Alzheimer e Parkinson
Já tem algumas semanas que estamos realizando posts acerca de grupos especiais. Os “grupos especiais” são compostos por indivíduos que apresentam algum problema de saúde e precisam de atenção especial. Na maioria dos casos, estes problemas podem ser de caráter irreversível e costumam causar um impacto considerável nas atividades da vida diária.
Dentre os posts, já abordamos os temas com hipertensos, portadores de diabetes, de osteoporose e indivíduos que já sofreram infarto. Além destes grupos citados, existem tantos outros. Sendo assim, neste post, iremos falar dos idosos e de doenças neurodegenerativas.
Ser idoso é ter passado por um processo de envelhecimento, que é natural, dinâmico e progressivo do nosso corpo. Dentro desse processo, existem várias modificações morfológicas, psicológicas e funcionais. Por se tratar de um processo natural do nosso corpo, o envelhecimento não deve ser considerado como uma doença (o que muitas pessoas associam erroneamente).
É fato que dentro do processo de envelhecimento, podem ocorrer doenças crônicas e degenerativas que podem acometer o indivíduo pelo resto da vida. Doenças estas que vão além da falta de um estilo de vida saudável e inatividade física (fatores esses que atuam eficazmente na prevenção e tratamento das doenças já citadas aqui).
Neste caso, quero comentar sobre duas doenças, que surgem com a idade e que ainda tem causas desconhecidas. Duas doenças que são neurodegenerativas e com mais incidências em idosos: Doença de Alzheimer e Doença de Parkinson.
Doença de Parkinson
A Doença de Parkinson, é uma doença degenerativa do sistema nervoso central e é crônica e progressiva. Ela surge quando as células nervosas da base do cérebro que produzem dopamina (um neurotransmissor) diminuem intensamente. Por este motivo, com a perda desse grupo de células, o controle motor fica prejudicado e ocasiona os sintomas característicos da doença.
Vale lembrar que a Doença de Parkinson, embora mais comum na população idosa, também pode surgir na população mais jovem. Embora a causa desta doença seja desconhecida, existem especulações de que um histórico de traumatismo craniano, exposição a agrotóxicos e fatores genéticos podem ter influências na perda desses neurônios.
Sintomas
Os sintomas que podem vir desta doença se diferenciam em sintomas motores e não motores. Os sintomas motores podem surgir, por exemplo, tremores nas mãos; rigidez muscular; lentidão nos movimentos e instabilidade postural.
Por outro lado, os sintomas não motores, é comum, também, que a pessoa com Parkinson, apresente alterações de humor. Podemos citar como exemplo: perda de motivação; tristeza; ansiedade; alucinações;
Doença de Alzheimer
A Doença de Alzheimer, assim como a de Parkinson, também é uma doença neurodegenerativa. Ela é considerada a doença neurodegenerativa mais comum no mundo, seguida pela Doença de Parkinson.
Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal. Ela se caracteriza pela perda sináptica e pela morte neural nas regiões cerebrais que são responsáveis pelas funções cognitivas. A sua manifestação ocorre pela deterioração cognitiva da memória (o que acaba por comprometer as atividades da vida diária). A doença de Alzheimer é considerada uma Demência e Sim, o nome é mesmo impactante. Além disso, quando diagnosticada, a expectativa de sobrevida da pessoa passa a ser entre 8 a 10 anos isso pois ela tem vários estágios:
- Estágio 1 (forma inicial): Alterações na memória, na personalidade e nas habilidades visuais e espaciais;
- Estágio 2 (forma moderada): Dificuldade para falar, realizar tarefas simples e coordenar movimentos, além de agitação e insônia;
- Estágio 3 (forma grave): Resistência à execução de tarefas diárias. Incontinência urinária e fecal. Dificuldade para comer. Deficiência motora progressiva;
- Estágio 4 (terminal): Neste caso, o idoso passa a ficar restrito ao leito. Tem dores na deglutição e infecções intercorrentes.
Sintomas
• Falta de memória para acontecimentos recentes;
• Repetição da mesma pergunta várias vezes;
• Dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos;
• Incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas;
• Dificuldade para dirigir automóvel e encontrar caminhos conhecidos;
• Dificuldade para encontrar palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais;
• Irritabilidade, suspeição injustificada, agressividade, passividade, interpretações erradas de estímulos visuais ou auditivos, tendência ao isolamento.
Exercícios em pessoas com Alzheimer e Parkinson
Agora que já sabemos, brevemente, o que cada doença representa, entraremos no assunto o qual este blog se propõe: trazer recomendações acerca da atividade física.
Primeiramente, gostaria de deixar aqui duas postagens que abordam temas bem importantes: Envelhecimento saudável com orientações para vida saudável e Orientação de exercícios para adultos saudáveis. Isso tudo porque a prevenção primária (promoção da saúde e proteção específica) e secundária (diagnóstico precoce e tratamento adequado), em todas as idades, são alternativas para que se tente manter as atividades da vida diária em um nível minimamente eficazes.
Passada esta dica, as duas doenças que aqui trago são doenças que podem acontecer, sobretudo, através do processo de envelhecimento do nosso corpo. Assim como em uma engrenagem, que algumas peças se desgastam com o tempo, em nosso corpo acontece a mesma “pane”. A diferença é que nem sempre conseguimos trocá-las.
Sendo assim, o exercício pode ser uma estratégia para prevenir ou retardar o declínio neural e cognitivo que acontece no cérebro que está envelhecendo. As pesquisas, realizadas em volta deste tema, tentam mostrar a fisiologia do envelhecimento do cérebro e como o exercício pode combater ou moderar esses efeitos.
Alzheimer
Com relação a Doença de Alzheimer, um estudo realizado por Shane Pass, em 2017, reuniu diferentes artigos em que demonstraria os benefícios da atividade física aos portadores desta doença. Neste caso, dentre as pesquisas, o achado foi que existe sim os benefícios potenciais da atividade física. As pesquisas mostram uma possível melhora nas funções cognitivas e na diminuição dos sintomas neuropsiquiátricos.
Porém, vale lembrar que se trata de pessoas idosas, muitas vezes em idades bem avançadas e que possivelmente já tenham perdido, em parte, sua massa muscular e óssea, seu equilíbrio, entre outras coisas provenientes do envelhecimento. Por isso, o papel fundamental é tentar garantir uma melhor qualidade de vida.
Parkinson
Já a Doença de Parkinson é uma doença que pode acontecer dentre a meia idade, porém é mais comum em idades mais avançadas e está associada predominantemente ao controle motor.
Mesmo que a doença pareça ser um impeditivo para realizar exercícios físicos, os estudos mostram o contrário. Fazer exercício ajuda a preservar a qualidade dos movimentos. Além disso, diminui a progressão das doenças, melhora postura, equilíbrio e força. Aumenta a capacidade de coordenação motora, flexibilidade, bem como o humor e o sono (alterações não motoras).
Dentre as atividades que devem ser indicadas, deve-se focar naquele em que o idoso conseguirá realizar de maneira regular, que se sinta confortável e que seja pertinente ao estágio da sua doença.
Por fim, a importância da prática da atividade física, nestes casos, é de garantir uma melhor qualidade de vida para esse grupo. Contudo, deve-se sempre manter o acompanhamento com os médicos especializados e manter sempre os tratamentos prescritos pelos mesmos.
Fontes:
Cass, Shane P. DO Doença de Alzheimer e exercícios: uma revisão da literatura, Relatórios atuais de medicina esportiva: 1/2 2017 – Volume 16 – Edição 1 – p 19-22 doi: 10.1249 / JSR.0000000000000332
Foto Destaque: psicologia.pt