Deficiência Auditiva e a Atividade Física
A área da educação física adaptada estuda as necessidades das pessoas com algum tipo de deficiência. Assim, é possível ter atualização sobre as características de cada deficiência, e buscar as melhores estratégias para incluir o deficiente em um programa de exercícios físicos. Isso permite, também, aprender a respeitar sempre a pessoa e o tipo de deficiência, integra ainda mais o deficiente socialmente e a consequentemente melhora a sua qualidade de vida. E como bem sabemos, esse é um dos papéis mais importantes do educador físico: a promoção da saúde e a da qualidade de vida. Por isso é sempre importante manter-se atualizado.
O post passado falei sobre a deficiência visual e neste, trarei um pouco de informação, básica, sobre a deficiência auditiva. Por mais que pareça ser mais “fácil” incluir uma pessoa com deficiência auditiva, ainda assim é necessário estar atento em alguns pontos.
Primeiramente, acho importante saber se a deficiência é congênita ou adquirida, à época (se desde a infância ou já na vida adulta) e o grau da perda auditivo. Isso pois, dependendo o período em que a pessoa adquiriu a deficiência, especialmente se desde o nascimento, pode interferir não só na aprendizagem da comunicação como também o atraso do desenvolvimento motor. Além das dificuldades de relacionamento, a compreensão de conceitos, regras, orientações, relacionamentos interpessoais e etc.
Bom, acho que pelo nome da deficiência, já dá pra entender a característica da doença. Mesmo assim vale frisar que a perda auditiva ou surdez, é caracterizada pela perda parcial ou total da audição. Dentre os tipos e causas, pode ser classificada como:
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Congênita
Quando a criança adquire a deficiência ainda na barriga da mãe. Tem como causa o uso de medicamentos, doenças ou hereditariedade, nascimento prematuro e outros;
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Condução
Quando algo bloqueia a passagem do som para o ouvido interno. Pode ser pelo rompimento do tímpano, acúmulo de cera, infecções, por exemplo (geralmente tratáveis e curáveis).
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Neurossensorial
Neste caso existe o comprometimento do ouvido interno. Com isso, o som não é transmitido para o cérebro e pode ser por causas como: pressão alta, diabetes, exposição a sons muito, degeneração das células auditivas a idade e outros.
Deficiência Auditiva e a Atividade Física
Quando quis dizer da importância de saber as características da deficiência, isso incluía saber o grau dela. Por exemplo em um ambiente escolar, onde as crianças ficam um pouco mais dispersas, existe um pouco mais de ruídos, se alguém possui o grau leve (26 – 40 dB)*, sabe-se que ela pode ouvir o som da fala, mas desde que seja um pouco mais intensa.
Já na perda moderada (41 – 55 dB)*, possivelmente seja necessária a repetição algumas vezes do que se foi dito. Pois, além da redução da audição, existe a troca de algumas palavras foneticamente iguais como: pato por gato ou cão por não. E neste caso já pode existir a necessidade da leitura labial por parte do aluno. Se com crianças ouvintes já é necessário repetir algumas vezes algumas informações, uma criança com essa característica, certamente vai demandar um pouco mais de atenção.
Com relação a perda moderada a severa (56-70 dB)* da audição, os sons como o de televisão, campainha, telefone já não são mais ouvidos. Por isso, neste grau, já é necessário estar sempre voltado para o aluno. Isso porque ele vai depender, intensamente, do apoio visual para a compreensão da fala.
A perda severa ( 71-90 dB)*, permite escutar sons fortes, porém não permite ouvir a voz humana sem amplificação. Já o grau profundo (maior que 90 dB)*, impede a compreensão total da fala. Vai exigir a linguagem gestual como principal meio de comunicação. Dentre os graus severos e profundos, a criança nunca teve contato com a fala, o que torna mais difícil a interação com as pessoas ouvintes. Vale destacar que quem não tem nenhuma dificuldade, são consideradas as pessoas com o grau normal (0 a 25dB)*.
Fique Atento…
- Independente do grau da lesão, dentro da atividade realizada, opte sempre por substituir aspectos sonoros por sinais visuais. Sejam eles através de cones, demarcações, cartões, números e etc. E o mais importante: demonstrar as atividades;
- Mesmo que a deficiência auditiva, não exista grandes limitações acerca das atividades. É importante que o professor tenha os mesmos critérios do que com uma pessoa ouvinte: condições de saúde, faixa etária, condicionamento físico assim como o interessa a prática;
- Ao realizar atividades, é importante estimular atividades que exijam equilíbrio (estático e dinâmico), atividades com noções espaciais e coordenação motora. Pois, principalmente nos anos iniciais, crianças surdas apresentam problemas relacionados a esta característica;
- Pessoas com deficiência auditiva têm a respiração curta já que não utilizarem os músculos exigidos na fala. Portanto, exercícios aeróbios são bem vindos;
- Se a pessoa usa prótese, tenha o cuidado com atividades que tenham água (evitando molhar).
De resto, fique atento a comunicação: fale em velocidade mais calma, de frente pra pessoa e use gestos se precisar (caso não saiba LIBRAS).
Se você quiser aprender algumas palavras, segue uma dica (aqui) de um grupo que demonstra, várias palavras em LIBRAS, no formato de GIFs.
E por fim, considere as limitações da pessoa, mas sempre enfatize suas capacidades. Sabemos que a inclusão, muitas vezes é difícil. Porém, se faz necessária em qualquer contexto: escolar, em academias, clubes, trabalho entre outros locais. Isso vale para os deficientes auditivos, como qualquer outra deficiência.
* Os graus apresentados estão de acordo com a classificação de Lloyd e Kaplan (1978).
Fonte das animações: https://giphy.com/handtalkbr