Exercício físico melhora a atividade cerebral
Já se sabe que o exercício físico traz benefícios físicos ao organismo. Como exemplo temos o retardamento da perda de massa muscular e a de massa óssea (característicos do avanço da idade). Mas este efeito “antienvelhecimento” cada vez mais vem sendo observado em relação ao funcionamento do cérebro. Ademais, este tema tem recebido bastante atenção da ciência nos últimos tempos. Recentemente, um estudo separou 65 adultos com idade entre 55 e 80 anos (72% de mulheres) separados em 2 grupo onde:
Grupo 1: realizou exercícios de caminhada;
Grupo 2: apenas exercícios de alongamentos e tonificação.
** Ambos grupos tiveram freqüência de atividades de 3x/semana.
Após 1 ano de atividade, os pesquisadores verificaram que:
Grupo 1: teve benefícios tanto fisicamente (melhora da capacidade cardiorrespiratória) como com relação à sua atividade cerebral.
Grupo 2: também teve melhora da atividade cerebral, mas em menor escala.
Para os pesquisadores, exercícios auxiliam o cérebro aumentando seus circuitos e reduz os riscos de problemas de memória e atenção. Mas não apenas “reduz os riscos”, na pesquisa foi observado que o grupo que realizava exercício aeróbio regularmente apresentou melhorias na memória, na atenção e em diversos outros processos cognitivos. De acordo com os pesquisadores, à medida que os idosos no grupo da caminhada ficavam mais em forma, a atividade cerebral (a conexão das “redes”) aumentava de forma similar ao de jovens.
Envelhecimento
Ao envelhecermos, os padrões de conectividade diminuem e as “redes” não ficam bem conectadas para apoiar algumas atividades como, por exemplo, dirigir. Porém, com a ajuda do condicionamento aeróbico, essas “redes” se tornam mais coerentes. A razão disso acontecer é porque quando caminhamos, integramos estímulos visuais e auditivos. Assim como ocorrerá com os sinais vindo das articulações e músculos, em relação a onde o pé está e o nível de força. Além de e outros movimentos, que chamamos de consciência corporal. A atividade cerebral segue o velho conceito do uso e desuso, ou seja, se você não usa, você perde. Para que algo seja benéfico, precisamos fazê-lo repetidamente, e caminhar é uma atividade de repetição.
De maneira mais técnica, pode-se dizer que o exercício aeróbico está associado com melhor desempenho em habilidades coordenadas pelo córtex frontal e temporal, tais como função executiva e memória. Assim, a literatura sugere que o exercício pode promover a formação e o fortalecimento de conexões entre o hipocampo e suas conexões corticais, incluindo as conexões com o córtex frontal e temporal, e as projeções para o córtex occipital e parietal através de vias laterais.
Além deste, outros estudos epidemiológicos (que estudam o comportamento das doenças em comunidades) já mostraram que alguns hábitos de vida, como atividade física, diminuem significantemente os riscos de perda cognitiva e de Mal de Alzheimer, relacionados ao envelhecimento.
Coerente com isso, recentemente foi demonstrado que a aptidão aeróbica – reflexo do aumento do exercício aeróbico diário e de um estilo de vida fisicamente ativo – é positivamente associada com a conectividade funcional na “rede de trabalho padrão” (Default Mode Network) em repouso, e que esta, em parte, é responsável pela melhora do desempenho em tarefas que exigem alternância de tarefas e memória de trabalho espacial.
Atenção!
É muito importante ressaltar que a continuidade do exercício é primordial. Os efeitos favoráveis encontrados no grupo de caminhada foram observados apenas após 12 meses de treinamento. Já após 6 meses não foi observada nenhuma diferença.
Portanto, continue sempre se movendo e com o auxílio de um profissional!
Fonte: http://www.frontiersin.org/aging_neuroscience/10.3389/fnagi.2010.00032/abstract