Como se faz um campeão?
Muitas pessoas que trabalham no meio esportivo são, de certa forma, ex-atletas frustrados. É provável que sejam frustrados por não terem se destacado, por não terem chegado a um determinado nível esportivo, por não terem sido campeões, entre outros motivos. As razões são as mais variadas, desde lesões até ter entrado muito velho no esporte. Mesmo sabendo disso, ainda é comum falar que, para ser campeão, é necessário ter uma genética boa.
Concordo. Todavia, não acho a genética o principal aspecto a ser considerado na “criação” de um campeão. Porém, antes de pensarmos no aspecto genético, temos que fazer outras indagações:
Como se faz um campeão?
Quão disposto está o atleta a sacrificar-se para chegar ao topo do pódio?
Para ser campeão, antes de tudo, é preciso querer. Pois, um atleta precisa estar ciente que irá investir muito tempo de sua vida treinando. E treinando pesado. Raros são os casos de atletas que conseguem se destacar com pouco treinamento. Além disso, no tempo em que não estiver treinando, precisará descansar, cuidar da alimentação, evitar situações que possam lesionar.
Que condições, nutricionais e de treinamento, o atleta tem?
Com uma dieta ou um treinamento deficientes, um atleta não conseguirá render o seu máximo. Seja por falta (ou excesso) de nutrientes, por sobrecarga de treinamento inadequada, por falta de conhecimento técnico/tático do treinador, um futuro campeão não pode ignorar estes aspectos.
Psicologicamente, o atleta está motivado e preparado para ser campeão?
Ser campeão é pensar como campeão. É entrar para vencer. É ter convicção que ele é o melhor. Mesmo que ele não seja, ele precisa acreditar nisso. Precisa ter na sua cabeça, que ninguém é melhor que ele, e ele está ali para provar. Não me refiro a ser arrogante (inclusive, acho que atletas arrogantes não merecem ser campeões), mas em acreditar que pode vencer, porque tem condições para isto.
Quanto tempo isto pode demorar?
Dependendo do esporte, um campeão só aparece após, no mínimo, 20 anos de prática.
Financeiramente, este processo é viável?
Não adianta apenas querer, ter condições nutricionais, um excelente treinador e tempo para isto. Um atleta precisa de dinheiro. Alguns atletas têm patrocínio, outros têm parentes que custeiam, mas sem dinheiro não surge um campeão. Não me refiro apenas no dinheiro para ter sua vida, mas, também, nos recursos materiais que o atleta tem. Se o jogador de tênis tem uma raquete boa, uma quadra em ótimas condições, bolas novas. Se um ginasta tem aparelhos de ponta, para treinar movimentos com grau de dificuldade maior. Se um jogador de futebol treina em um campo sem buracos. Por mais que se esforce, não conseguirá atingir o alto nível sem condições materiais.
Que nível esportivo é almejado?
Respondendo a esta pergunta, todas as outras respostas podem ser alteradas. Obviamente, se estivermos falando em chegar ao nível de um Michael Phelps, ou um Roger Federer, ou mesmo um Cristiano Ronaldo, sem dúvida, é necessária a excelência no conjunto de todos os aspectos (genético, técnico, tático, nutricional, financeiro, psicológico). Porém, quando se almeja o nível nacional, não é necessário tanto sacrifício,
nem tanto dinheiro, nem tanto tempo. E quando se almeja o nível estadual, regional, municipal, as exigências caem. E caem muito.
Existem muitos atletas que foram campeões estaduais treinando poucas horas por semana, com poucos anos de treinamento e com pouca assessoria. Meu objetivo com este post é tentar conscientizar que ser campeão nunca é impossível, independentemente de sua idade, seu biótipo ou seu peso. Basta querer e ter os pés no chão para saber onde está o seu limite, saber até onde você pode chegar.
Uma coisa eu aviso: não é fácil. Nunca é. O caminho é difícil e longo, e no fim existe um grande prêmio: o orgulho de ser campeão.
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