Deficiência Visual e a Atividade Física
As últimas postagens vêm sendo acerca de doenças, que podem ser crônicas e que normalmente são causadas pela inatividade física, ou que podem surgir com o processo de envelhecimento do nosso corpo – as doenças neurodegenerativas.
Neste momento, gostaria de trazer aqui a atenção para pessoas que possuem algum tipo de deficiência, especificamente aos deficientes visuais.
Qualquer pessoa que tenha algum tipo de deficiência, seja ela intelectual, física ou visual, tende a ser menos ativa fisicamente. E não falo isso pela deficiência em si. Falo também por outros vários motivos como: mobilidade reduzida, falta de acessibilidade, oportunidades, falta de estímulos, entre outros fatores.
É importante sabermos que esses mesmos grupos também necessitam se prevenir de doenças crônicas não transmissíveis. Além de prevenção de doenças, através da atividade física, o exercício regular contribui, também, para a melhora da aptidão física. Além disso contribui para fatores psicológicos, sociais e, consequentemente da qualidade de vida.
Incluir uma pessoa com deficiência dentro do nosso “padrão de sociedade” exige que as pessoas compreendam os diferentes tipos de deficiência. Se você for um profissional – e aqui me refiro à área de educação física – é essencial conhecer os tipos de deficiência. Isto é algo que pode parecer bem simples, mas que nem sempre é dado o devido valor. Isso pois além da própria deficiência, 0 medo, falta de estímulos motivacionais, acompanhamento para a prática, idade e outros, podem levar a pessoa com deficiência visual – ou qualquer outra – a não buscar a prática regular de exercícios ou até mesmo outras atividades.
Deficiência Visual
A deficiência visual é caracterizada pela perda parcial ou total da capacidade visual.
De acordo com a Classificação Internacional de Doenças- 10 (CID-10), existem alguns graus da deficiência:
Baixa Visão: A baixa visão que pode ser leve e moderada. Neste caso pode ser compensada com o uso de lentes de aumento, auxílio de bengalas e de treinamentos de orientação;
Próximo à cegueira: Estágio mais severo. É quando a pessoa ainda é capaz de distinguir luz e sombra, mas já emprega o sistema braile para ler e escrever, utiliza recursos de voz para acessar programas de computador, locomove-se com a bengala e precisa de treinamentos de orientação e de mobilidade;
Cegueira: quando não existe qualquer percepção de luz. O sistema braile, a bengala e os treinamentos de orientação e de mobilidade, nesse caso, são fundamentais.
A Deficiência Visual e a Prática de Atividade Física
Com relação às atividades indicadas para pessoas com deficiência visuais, elas são semelhantes às indicadas às pessoas com visão normal. Contudo, em razão da deficiência, necessita algumas adaptações e claro, o conhecimento e criatividade do profissional.
Vale lembrar que um pouco destas atividades pode depender do período em que o indivíduo adquiriu a deficiência. Isto é, uma criança, que já nasceu cega, possivelmente não tenha orientações espaciais, ou habilidades motoras tão desenvolvidas quanto alguém que perdeu a visão com o tempo ou tem baixa visão (isso se não foi bem estimulada durante esta fase da vida).
Por outro lado, a experiência motora de quem tem baixa visão vem da sua propriocepção aprendida anteriormente, auxiliada pela capacidade visual. Por isso, conhecer a origem da deficiência, pode ser importante para fins educacionais e até para o treinamento de uma atividade esportiva. Isso porque qualquer resquício de memória visual pode facilitar na construção de algumas atividades.
Sugestão de Estratégias
Organização do espaço e dos objetos
É importante preparar o local em que se irá trabalhar com o aluno. Sendo assim, tornando-o seguro e adequado para a prática. Ademais, dar orientação, sobre o espaço em que ele está, especificar possíveis obstáculos, orientar sobre os objetos utilizados ou até mesmo faze-lo sentir. Orientações verbais sobre o cenário nunca são demais, por isso é importante especificar tudo o que está acontecendo.
Manipulação dos Elementos e Estimulo Sensório Motor
Faça o aluno conhecer os elementos em que se irá trabalhar. Faça toca-lo, escutar ou até mesmo manipular o objeto. O desenvolvimento e o comportamento motor são o resultado da interação de vários sistemas. Embora o sistema visual seja muito importante, a ausência deste pode ser compensada por outros sistema.
Conheça o tipo de deficiência (anamnese do aluno)
Exemplo: saber qual a visão útil. Além disso, saber quais os exercícios contraindicados no caso de perigo de descolamento de retina e glaucoma, informações do oftalmologista e etc.
Atividades: realize atividades que desenvolvam a aptidão física, o equilíbrio, força, habilidades motoras, imagem corporal, alinhamento do corpo (postura adequada), coordenação, orientação do espaço, atividades rítmicas e outros.
Comando de Voz
Como já citado anteriormente, é muito importante os comandos de voz de orientação da atividade e de orientação do espaço. Ao verbalizar algum comando, use sempre comandos assertivos como: “atrás de você”, “lado direito”, “lado esquerdo”. Evite coordenações genéricas como: “aqui”, “ali”, “vem cá!”. E muito importante: saiba sempre o nome do seu aluno! Imagine em um local com muitas pessoas e você precisa orienta-lo? Além disso, tente manter o local sem muitos ruídos residuais para que ele possa escuta-lo com clareza, e em caso de atividades escolares, procure não mudar seguidamente as regras da atividade.
Condução do Aluno
Primeiro, é sempre importante perguntar a preferência da pessoa com deficiência se ela quer que você o conduza ou como fica melhor. Geralmente, ao oferecer o seu braço, o deficiente visual irá segurar acima do cotovelo e caminhará meio passo atrás de você. Se o aluno for uma criança, provavelmente ele segurará em seu punho.
Esteja sempre de olho
Sim, esteja sempre vigiando o seu aluno durante a atividade física. Comece conduzindo as atividades, como por exemplo exercícios de musculação, e vá dando liberdade para ele com o tempo de prática e a confiança adquirida.
Mesmo que as atividades para pessoas com deficiência visual sejam semelhantes das pessoas videntes, vale frisar que é importante o profissional estar atento as características do seu aluno.
Além disso, levar em consideração outras doenças que podem surgir ao longo da vida. O importante é manter a inclusão, saúde e qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais.
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Foto de Destaque: casadaptada.com.br