Diabetes – Exercícios em Grupos Especiais
A ideia de escrever os próximos posts é falar sobre determinados grupos, que são ditos como Grupos Especiais. E porque falar deles? Acho que o nome “especial” já diz o bastante. Cada grupo tem sua especificidade. Sendo assim, conhecer (e entender) cada uma delas é fator determinante para o direcionamento de um tratamento/treino correto.
Diabetes
A diabetes é uma doença crônica em que o corpo não produz insulina ou não consegue usa-la de forma adequada.
A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas e participa do metabolismo da glicose (açúcar no sangue) para produção de energia. Ela atua como uma “chave”, abrindo as “fechaduras” das células do corpo, para que a glicose entre e seja usada para gerar energia. Portanto, sua ausência implica em nível alto de glicose no sangue – hiperglicemia –, podendo haver danos em órgãos, vasos sanguíneos e nervos.
Para conhecimento: os níveis sanguíneos de glicose em jejum de 8 horas considerados normais devem estar entre 60 e 110 mg/dL. Os valores entre 110 e 125 mg/dL são classificados como “resistência a insulina”. Por fim, com valores acima de 125mg/dL o indivíduo já é considerado como uma suspeita de diabetes.
Tipos de Diabetes
Tipo I: Tem como característica a destruição autoimune de células beta do pâncreas. Ou seja, o corpo passa a destruir – por engano – o próprio tecido que produz e secreta a insulina.
Sintomas:
• Fome frequente;
• Sede constante;
• Vontade de urinar diversas vezes ao dia;
• Perda de peso;
• Fraqueza;
• Fadiga;
• Mudanças de humor;
• Náusea e vômito.
Tipo II: Neste caso, a insulina está presente no corpo, mas não é eficiente para estimular a absorção de glicose nas células. Sendo chamada assim de “resistência à insulina”.
Sintomas:
• Fome frequente;
• Sede constante;
• Formigamento nos pés e mãos;
• Vontade de urinar diversas vezes;
• Infecções frequentes na bexiga, rins, pele e infecções de pele;
• Feridas que demoram para cicatrizar;
• Visão embaçada.
Gestacional: Ocorre temporariamente durante a gravidez. As taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas ainda abaixo do valor para ser classificada como diabetes tipo 2. A diabetes, durante o período gestacional, se não for controlada, pode causar consequências graves tanto para a mãe como para o feto. Como por exemplo o crescimento excessivo do bebê – e, por consequência, um parto traumático -, hipoglicemia neonatal e até obesidade e/ou diabetes na vida adulta.
Cuidados
Pessoas com casos de diabetes de longa duração e/ou mal controlada podem sofrer de: hipertensão, neuropatias (danos aos nervos), retinopatia (danos aos vasos sanguíneos nos olhos, que podem levar à cegueira), danos renais, doenças cardíacas e uma maior frequência de úlceras nos pés.
• Pés: mantenha a pele limpa; use sapatos e meias adequados; mantenha os pés secos e suaves; observe-os todos os dias; observe se você sente dor, se seus pés estão adormecidos e se as feridas não cicatrizam;
• Olhos: consulte um oftalmologista no mínimo uma vez ao ano; se sua visão está turva, se enxerga mal, com manchas, se é míope e esta alteração aumenta, ao consultar o oftalmologista informe-o que você é diabético;
• Coração e Cérebro: não fume; com uma dieta equilibrada e um programa de exercícios físicos você contribuirá para que suas artérias não se obstruam; observe se você sente dores de cabeça e tem a respiração difícil;
• Dentes e Gengivas: use uma escova de dente macia; escove os dentes após cada refeição; massageie as gengivas; use fio dental todos os dias; visite periodicamente o dentista;
• Rins: seu médico verificará o nível de proteínas na urina, solicitando microalbuminúria periodicamente; controle sua pressão arterial; possivelmente, com a orientação do seu médico, haverá uma diminuição de ingestão de proteínas em sua alimentação.
Diabetes e o Exercício
Agora que sabemos brevemente sobre o que é a diabetes e seus sintomas, partiremos para a parte mais importante: formas de tratamento! E claro que uma delas é a atividade física.
Primeiramente, vale lembrar a importância do acompanhamento do médico especialista e nutricionista com relação a diabetes.
Em seguida, devemos saber que a pratica de atividade física é frequentemente recomendada no tratamento do diabetes (é agora que vem a parte do educador físico). Com planejamento e estratégias adequadas – inclusive dieta – a pessoa com diabetes pode fazer qualquer tipo de exercício e em qualquer intensidade.
O teste de esforço nos pacientes diabéticos é recomendado para determinar a capacidades fisiológicas funcionais. Todas as pessoas com diabetes devem ser cuidadosamente avaliadas antes de iniciar exercícios e devem receber supervisão apropriada e monitoramento.
Mesmo que a pessoa diabética possa praticar qualquer tipo de atividade, é importante saber que existem alguns riscos associados com a prática do exercício. Aos portadores de diabetes do tipo I (quando o corpo não produz a insulina), existe o risco de hipoglicemia, ou seja, o baixo nível de açúcar no sangue).
Com relação a atividade para portadores de diabetes com o tipo II (resistência à insulina), deve-se estar atento a hiperglicemia (altos níveis de açucares no sangue). O paciente diabético deve estar controlado, ou seja, a glicemia não pode estar acima de 300mg/dL. Para diminuir o risco de hiperglicemia induzida pelo exercício, principalmente durante e imediatamente após o exercício, aconselha-se reduzir a dose de insulina antes do exercício e/ou aumentar a quantidade de carboidratos ingerida antes do exercício.
Durante o Exercícios
Durante o exercício, o consumo de oxigênio pelo organismo pode aumentar cerca de 20 vezes. Para satisfazer as demandas energéticas, o músculo esquelético utiliza de uma forma muito intensa as suas próprias reservas de glicogênio e triglicerídeos, além dos ácidos graxos livres derivados da quebra dos triglicerídeos do tecido adiposo e da glicose liberada pelo fígado. Portanto, com a atividade essas fontes podem se esgotar e levar a redução da produção de energia, por esgotamento da reserva. Assim, se faz importante o monitoramento constante da glicemia. Em caso de queda da glicemia, recomenda-se a reposição de carboidratos de absorção rápida: uma colher de açúcar, copo de suco de laranja, mel ou banana (em caso de hipoglicemia).
Qual é o Período do Dia Ótimo para o Exercício?
É menos provável que haja distúrbios na glicemia se o exercício for realizado de manhã, antes do café e da administração matutina de insulina. Isso porque o nível de insulina circulante é baixo nesse período, e se uma refeição regular tiver sido consumida na noite anterior, os estoques, tanto do fígado como do glicogênio muscular, devem estar cheios. Neste caso específico, veja nosso post sobre exercícios em Jejum para saber como se exercitar nesta situação com segurança.
Cuidados Antes do Exercício
- Medir a glicemia para determinar se está sob controle;
- Determinar a ingestão adequada de carboidratos para o período anterior ao exercício (se for o caso);
- Administrar a dose adequada de insulina antes do exercício (se for o caso).
Cuidados Durante o Exercício
- Monitore a glicemia durante sessões de longa duração;
- Sempre faça a reposição dos fluidos perdidos adequadamente
- Se necessário, use suplementos de carboidrato (um adicional de 40-50 g para adultos, 20-30 g para crianças) a cada 60 minutos durante períodos extensos de exercícios de intensidade moderada.
Cuidados Após o Exercício
- Monitore a glicemia, inclusive durante a noite se o exercício não é habitual e/ ou é feito no final da tarde;
- A administração de insulina de modo decrescente para diminuir ações imediatas ou tardias da insulina;
- Consuma a quantidade adequada de carboidratos diariamente.
Tipos de exercícios:
O ideal para portadores de diabetes Tipo I são exercícios aeróbios: Caminhadas, corridas, natação, ciclismo ou aeróbio de baixo impacto: step, dança de salão e tênis. A intensidade de 40-65% do VO2 máx., duração entre 20-30 minutos e deve ser realizado todos os dias da semana.
Para portadores de Diabetes Tipo II, o recomendado são exercícios aeróbio (caminhada, jogging, ciclismo) ou exercícios de força. Devem ser realizados em uma intensidade de 40-85% do VO2 máx, duração entre 20-60 minutos e com frequência de 5 dias por semana.
Outras Considerações Práticas
• Essencial o monitoramento da glicemia com frequência para que a atividade seja praticada com segurança;
• Sempre tenha por perto algum alimento que tenha carboidratos e identificação médica;
• Se estiver com outra pessoa, que não seu professor, comunique que você é diabético;
• Invista em sapatos confortáveis;
• À medida que vai aumentando a sua capacidade de exercício, vá aumentando também o nível de exigência dos treinos.
• Tenha atenção à sua condição física, e fale com o seu médico e seu professor.
Mesmo que a diabetes pareça algo assustador, é importante o treino regular de exercício. Os exercícios são benéficos para quem tem diabetes, pois podem reverter muitos dos efeitos metabólicos adversos da doença, inclusive a probabilidade de se tornarem obesos.
Fonte Foto de Capa: PhotoMIX
Referências:
PORTUGAL, Associação Protetora de Diabéticos de. Exercício Físico. Disponível em: https://apdp.pt/diabetes/tratamento/exercicio-fisico/.
SUS. Diabetes (diabetes mellitus): Sintomas, Causas e Tratamentos. Disponível em: http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/diabetes.