Magro sedentário ou Obeso ativo, quem vive mais e melhor?
Durante anos, a obesidade foi considerada uma das maiores causas de doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT)1. De fato, ela realmente aumenta o risco de aparecimento dessas doenças. Porém, estudos recentes têm demonstrado que a falta de atividade física (sedentarismo) é a principal causa de morte no mundo.
Ademais, considerando alguns dados sobre mortalidade nos Estados Unidos, o percentual de gordura não interferiu no número de mortes, mas o nível de atividade física, sim. Sendo que quanto menos atividade física era realizada, maior era a chance de óbito por DCNT. Ou seja, as pessoas obesas não são as únicas predispostas a sofrer diabetes ou doenças cardiovasculares.
Estima-se que 3,2 milhões de mortes por ano ocorrem devido à inatividade física. Em outras palavras, podemos dizer que 3,2 milhões de mortes poderiam ter sido evitadas se as pessoas tivessem um estilo de vida mais ativo.
Exemplificando
Para termos uma ideia de como é possível evitar a incidência de DCNT com a atividade física, Vamos dar um exemplo real e comprovado.
Se realizarmos 150 minutos de atividades moderadas por semana (o que equivale a um gasto calórico de aproximadamente 550 kcal por semana), o risco de desenvolver alguma doença coronariana2 diminui em 14%. Se esta quantidade de atividade física for duplicada (300 minutos ou 1100kcal/semana), o risco diminui 20%.
Mais uma prova disso pode ser lida em um artigo que encontrei na internet (leia-o na íntegra clicando aqui), que fala que o gene IRS13, que é um gene ligado a baixo acúmulo de gordura corporal, induz a concentrações elevadas de colesterol e glicose sanguíneo.
A explicação disso é que, em algumas pessoas, o gene está associado com menor acúmulo de gordura subcutânea, mas não está ligado ao acúmulo de gordura visceral (que se acumula entre as vísceras, atrás da parede muscular abdominal). De acordo com um pesquisador deste estudo, “A gordura subcutânea pode ser benéfica. Por outro lado, a gordura que se acumula debaixo do abdômen é prejudicial”.
Relação de Gordura Mulheres x Homens
As mulheres têm maior depósito de gordura subcutânea. Nos homens, pelo contrário, a capacidade de armazenar gordura debaixo da pele é menor. Por isso, segundo o cientista, essa gordura “se deposita no abdômen, onde causa danos”. Após a menopausa, a gordura das mulheres deixa de ser depositada sob a pele e começa a se acumular no abdômen, fazendo com que o risco de morte por infarto comece a se igualar entre os dois sexos.
Quanto ao diabetes, o gene IRS1 não afeta o desenvolvimento da insulina no pâncreas, mas sim o efeito desta substância nos músculos, fígado e gordura, um processo conhecido como resistência à insulina.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), “em 2001, as doenças crônicas causaram aproximadamente 60% do total de 56,5 milhões mortes notificadas no mundo e 46% da carga mundial de morbidade”. A entidade estima ainda que a proporção de carga de DNTs deva aumentar para 57% até 2020.
Estudos ainda mais curiosos mostram que as pessoas com sobrepeso (IMC entre 25 e 30) parecem ter menos risco de óbito que pessoas magras (com IMC abaixo de 25). Apontando para um possível fator de proteção que a gordura traz. Mas isso já é assunto para outro post.
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1 Doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT): Diabetes, hipertensão, colesterol alto, doenças cardiovasculares, entre outras (Leia sobre isso na Wikipedia clicando aqui).
2 Doença Coronariana: A artéria coronária é a artéria que leva sangue aos músculos cardíacos. Problemas no funcionamento e na efetividade desta artéria podem levar a morte (Wikipedia)
3 IRS1: Abreviação dada ao gene Insulin receptor substrate 1, que transmite sinais da insulina para os receptores intracelulares (Wikipédia, em inglês).
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Fontes:
Magros com Doenças de Obesos, Yahoo Notícias. < http://br.noticias.yahoo.com/magros-com-doen%C3%A7as-de-obesos.html?page=all>.
Steven Blair. Physical Activity: Fitness, Body Shape, and Health. Conferência do VIII Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde. Gramado – RS, 2011.