A representatividade da Mulher no mundo esportivo já é o Suficiente?
Ser mulher, em geral, na sociedade em que vivemos já é bem difícil. No mundo esportivo, conseguiríamos passar horas debatendo estas dificuldades que, mesmo em passos vagarosos – bem vagarosos -, vem mudando ao longo do tempo (já era tempo, não é?).
Por anos a fio, a exclusão e o preconceito com relação às mulheres no mundo esportivo, em diferentes áreas – técnica, gestora, narrativa, jornalística, etc. – se expressou de muitas formas. Desde quando as mulheres não poderiam ir em estádios ou não poderiam jogar ou praticar algo “pois era coisa de menino”. Uma ótima lembrança disso é na escola, quando só os meninos jogavam futebol e meninas vôlei. Olha, nada contra o vôlei mas eu queria mesmo era jogar futebol.
O Início
Começo esse texto do início (com o perdão do pleonasmo), pensando no maior evento esportivo do mundo: os Jogos Olímpicos. Nas olimpíadas da antiguidade as mulheres eram proibidas de assistirem aos jogos. Bom, se eram proibidas de assistirem, quem dirá poder participar. Além disso, existia pena pena de morte caso alguma mulher casada fosse pega assistindo aos jogos.
Passando para a era moderna, a partir de 1896 (1ª olímpiada), as mulheres ainda não puderam participar das competições mas poderiam assistir. Quatro anos mais tarde, em 1900, durante a 2ª olímpiadas, as mulheres puderam participar, mas de maneira extraoficial. Contudo, a participação só ocorreu em esportes considerados “belos e sem contato”. Neste caso os esportes foram: o golfe e o tênis.
Chegando no Brasil, existiram 3 momentos de impedimento das mulheres dentro do mundo esportivo. Em 1934, quando foi publicado o regulamento que estabelecia as restrições à prática de exercícios pelas mulheres; nos anos 40, quando não se era permitida a pratica de esportes incompatíveis com as condições da “sua natureza”; e em 1965, no início do regime militar. Neste período foram proibidas algumas modalidades com a seguinte redação: “Não é permitida a prática de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo aquático, polo, rugby, halterofilismo e baseball”. Vale lembrar que esta legislação foi revogada apenas em 1979.
A representatividade da Mulher no mundo esportivo já é o Suficiente?
Estou usando as olímpiadas como exemplo, pois ela nos mostra de maneira aberta e mais visível esta trajetória. Veja bem, desde os anos iniciais deste evento, somente em 1936 em que o COI regulamentou a participação das mulheres em jogos olímpicos. A partir desta data, apenas em 2012 as mulheres conseguiram ter participação em todas as modalidades. Essa história toda, é apenas sobre a participação das mulheres enquanto atleta. Não citei como exemplo os outros setores em que as mulheres deveriam estar ocupando. Um ótimo exemplo está a Pia Sundhage. Ela, que atualmente é a treinadora da seleção feminina de futebol.
Agora uma boa notícia!
Durante as olímpiadas do Rio 2016 (só 120 anos depois da primeira olimpíada da era moderna), a delegação brasileira teve a participação de 209 (44,95%) atletas mulheres. Com um total de de 465 atletas. Olimpíadas essa que eu tive o prazer de ver algumas amigas como atletas e em outros setores.
Sabendo desse início conturbado de exclusão das mulheres na trajetória olímpica e enquanto pensava sobre o conteúdo deste post, me vieram várias ideias sobre o que escrever.
Vários foram os tópicos: desde o contexto histórico da participação das mulheres em competições esportivas, a igualdade de gênero, salários, cargos, reconhecimento, o machismo, racismo, homofobia… olha, a lista seria grande. No entanto, por sorte, podemos encontrar todos esses temas dando um famoso “google”. É só dar o clique e algumas várias notícias, reportagens, denúncias, relatos e estudos começam a surgir.
O avanço tecnológico nos permitiu/permite, rapidamente, ter acesso às informações para a desconstrução deste pensamento – retrógrado – de que as mulheres não são capazes.
A comunidade esportiva, e a não esportiva também, está aprendendo, mesmo que a passos lentos, a respeitar, a se importar e se unir cada vez mais em prol da igualdade. A luta por esta igualdade está em todas as pautas: de gênero, raça, etnia, cultura e tantos outros direitos relacionados à pessoa humana. O passo é de formiguinha, mas tenho fé que a gente chega lá!
Para refletir…
Entendendo a amplitude das temáticas, e da luta pelos direitos e espaços, gostaria de trazer algumas perguntas para reflexão:
Como você vê a participação das mulheres no esporte? Quantas mulheres que você conhece estão em cargos importantes no mundo esportivo (técnico ou administrativo)? Como você trata e consome esse tipo de conteúdo? Se você é fã de esporte (seja ele qualquer), você assiste pelo prazer de ver o esporte? ou define pela categoria e o gênero?
Imaginem Magic Paula comentando a NBA? Ana Moser a Super Liga Masculina de Vôlei? e a Marta a Copa do Mundo de Futebol em qualquer categoria? É sonhar muito? É sonhar muito com 30min em TV aberta falando apenas sobre esporte feminino? Que as mulheres tenham os mesmo patrocínios?
Tempos atrás seria bem difícil encontrar mulheres em qualquer modalidade esportiva, ou algum outro cargo referente. Hoje conseguimos ter boa visibilidade. Contudo, a luta feminina por igualdade deve seguir sempre forte – não deveria, mas é assim que devemos seguir -, e ganhar cada vez mais o merecido destaque. Já temos mulheres árbitras, técnicas, preparadoras físicas, diretoras, comentaristas. Em qualquer área encontramos uma mulher para ocupar qualquer espaço que tenha. Sendo assim, eis a pergunta: A representatividade da Mulher no mundo esportivo já é o Suficiente?
Foto destaque: https://www.cnnbrasil.com.br/esporte