Políticas no Brasil para o Esporte de Alto Rendimento
Ser atleta, ou até mesmo esportista aqui no Brasil, é algo bem difícil. Se você não for jogador de futebol, em clube grande, você certamente já passou – ou passará – por algumas dificuldades.
Isso eu falo no esporte como um todo e sem definição por categoria etária, deficiência e nem de gênero. Isso pois, levando estas categorias em consideração, a discussão vai bem longe.
Para quem é atleta, especialmente o de alto rendimento, a conquista de medalhas – principalmente em olimpíada ou mundial-, é o desejo e objetivo de muitos. Já que, possivelmente, esse seja o ápice da carreira esportiva de um atleta. Para tanto, além da disciplina de cada atleta, é necessária outras redes “de apoio” para que o atleta alcance seus objetivos. E é nesse sentido que venho escrever o post desta semana…
No Brasil, sabemos que a oferta de “material humano” é bem diversificada. Aqui, certamente encontramos pessoas com o perfil necessário para praticar qualquer modalidade.
Agora, não somente as particularidades biológicas do atleta, pessoa com deficiência ou não, existem outros fatores que podem influenciar no rendimento de um atleta: eficácia do sistema de treinamento, materiais, técnicos de preparação, condições climáticas, sociais e por último, um fator bem importante: recursos financeiros.
Quantas famosas “Vakinhas” já vimos correndo pela internet pedindo apoio para vários atletas ou a equipe esportiva conseguir viajar? Ou até mesmo os pedidos de dinheiro no sinal, rifas ou do próprio bolso? Sem contar os locais inadequados para treino ou competições, falta de segurança, um bom alojamento entre outros quesitos .
Sistemas Esportivos no Brasil e em outros países
Certa vez li um trabalho em que foi comparado alguns tópicos de participação e de elementos considerados integrantes de um sistema esportivo eficiente para o alto rendimento. Ao total, 10 países com um sistema desenvolvido (Alemanha, Austrália, China, Estados Unidos, França e Rússia), e não desenvolvidos (Brasil, Cuba, Espanha e Portugal), foram estudados.
Antes de tudo, gostaria de deixar claro que não quero enaltecer um país e “rebaixar” o Brasil. Eu acredito nas nossas potencialidades. Além disso, fui atleta (amadora) por muitos anos e sei de muitas das nossas dificuldades. Tenho apenas o intuito de trazer alguns apontamentos sobre as políticas que fazem o nosso país não estar no lugar mais alto do quadro de medalhas – como por exemplo as olímpiadas.
Voltando ao estudo…
O estudo leva em consideração alguns elementos como sendo os principais dentro de um sistema esportivo, e classifica a participação como: Alta, Média e Baixa.
•As Organizações esportivas e participação do estado;
•Participação da Ciência do Esporte;
•A Participação do Sistema Educacional;
•Sistema de Apoios Públicos e Privados
•Infraestrutura e Recursos Materiais Disponíveis.
Dentro da discussão, o estudo mostra que a relação do Brasil, com esses sistemas é entre média e baixa em todos estes quesitos. Ao comparamos com outros países, como exemplo de Estados Unidos, China e Rússia (potencias esportivas), as participações desses elementos ficam entre média/alta e alta. Com exceção dos Estados Unidos, quando se refere ao elemento da participação do estado. Isso pois, os investimentos por lá são mais ligados aos patrocínios e doações das iniciativas privadas, através das leis de incentivo ao esporte. No Brasil temos “incentivos” semelhantes, mas que ainda assim não são o suficiente.
Vejamos o exemplo do quesito infraestrutura. Eu não quero entrar no mérito sobre as estruturas pós olímpiadas e “seu legado” (que deixaram de ser utilizadas ou estão abandonados). Gostaria apenas de trazer, por alto, as dimensões de como é tratado esse quesito com base no site do Ministério do Esporte.
Até a data do estudo que li, a Alemanha, por exemplo, tinha 20 Centros Olímpicos, 210 Centros de Treinamento das diferentes federações, 75 centros de treinamento regionais e 66 internatos esportivos.
Na china existem 26mil escolas com tradição esportiva, quase 4mil escolas esportivas de tempo livre, 254 escolas de elite e 159 escolas de nível federal e estadual. Vale lembrar que a dimensão geográfica e populacional é muito maior. Por esses dados vemos que a base, e a participação do sistema educacional é considerada extremamente alta.
Políticas no Brasil para o Esporte de Alto Rendimento
No Brasil, no site do ME, atualizado em 2019, estes são os centros espalhados pelo Brasil. Ao menos considerados pelos Planos e objetivos da Rede Nacional de Treinamento**:
Neste caso, vemos a importância dos quesitos já mencionados aqui. O Brasil, através das suas políticas, vem caminhando para alcançar esses elementos (ao menos no papel). Como mostra o Plano e objetivos da Rede Nacional de Treinamento.
Ainda é visível que precisamos aumentar mais a participação do estado, patrocínios e investimentos em todos esportes. Todo o apoio em distintas bases esportivas e não somente esportes usuais. Ter maior apoio com bolsas para atletas e treinadores. Aumentar a participação e investimento na ciência do esporte, sobretudo dentro das Universidades – que são um ninho de muito conhecimento. E por fim, desenvolver melhores estratégias de qualidade de ensino da Educação Física escolar, assim como suas respectivas competições.
Citei aqui algumas estratégias, que são utilizadas em outros países, para se chegar em alto nível de rendimento. Ao trazer o olhar para o nosso país, temos algumas adversidades que merecem atenção: questões históricas, socioculturais, a organização das federações, manutenção da saúde do atleta e etc. Quesitos estes que também podem ter influência no desenvolvimento das práticas esportivas e dos atletas de alto rendimento.
Mesmo com essas “barreiras”, acredito que veremos o Brasil cada vez mais nos lugares mais do pódio. E você, também acredita?
*CIE – Centro de Iniciação Esportiva
* Pistas de Atletismo
*Centros de Treinamento
* Equipamentos
*COT – Centro Olímpico de Treinamento