Estudo analisa o uso de máscara durante o treino. Faz mal à saúde?
Já são pelo menos 9 meses de pandemia da COVID-19. Conforme o tempo foi passando, alguns locais, como academias e parques, foram flexibilizando sua abertura.
Esta abertura gradativa, e com os devidos cuidados, foi possibilitando o retorno de muita gente à prática de atividade física. Para que esta abertura seja minimamente segura para todos, precisamos nos adequar às novas regras do “novo normal”: o distanciamento social e o uso de máscaras!
Usar a máscara cotidianamente – para muitos -, está gerando um grande desconforto. Certamente este desconforto se torna ainda maior quando fazemos atividades… especialmente àquelas em que se tem o aumento da frequência respiratória. Esse desconforto gerado pelo uso da máscara faz com que muitas pessoas acabem por dispensa-la – mesmo que seja de extrema importância para evitar o contágio. Além disso, acabam se deixando influenciar por certas informações incorretas que estão circulando sobre o uso de máscara – de que o uso da máscara, durante a atividade, pode ter efeito negativo para a saúde.
Agora a pergunta: Será mesmo que usar máscara durante o treino faz mal à saúde?
Pensando neste questionamento, um grupo de pesquisadores realizou um estudo, publicado em setembro de 2020, com o intuito de investigar duas situações:
A) Avaliar a capacidade do indivíduo saudável de realizar testes de esforço máximo utilizando máscara facial e;
B) determinar os efeitos fisiológicos do uso de máscaras cirúrgicas e respiradores N95 durante curto prazo de esforço físico extenuante.
Para alcançar os objetivos, os voluntários do estudo foram submetidos a protocolos de testes em cicloergômetros até a exaustão. A carga utilizada no teste iniciou em 25 watts, sendo aumentada, continuamente, a cada 3 min, em 25 watts. Além disso, antes e durante os testes , foram mensuradas a frequência cardíaca, saturação de oxigênio, frequência respiratória e o dióxido de carbono expirado. Por fim, ao que se refere a pressão arterial, a mensuração ocorreu antes e após a exaustão do indivíduo no teste. Conjuntamente ao aumento de carga, também foi classificado o nível de esforço dos participantes em uma escala de 0 a 10.
Ao total foram realizados 3 testes, sendo eles:
1) sem máscara facial (controle);
2) usando máscara cirúrgica (Kimberly – Clark); e
3) usando respirador N95 (respirador com filtro de partículas N95 de proteção contra fluídos tipo Duckbill 2, Halyard).
RESULTADOS:
- O tempo de exaustão e a pressão arterial não tiverem aumento significativo entre os grupos do estudo;
- As mudanças nos parâmetros fisiológicos como frequência cardíaca, frequência respiratória, saturação do oxigênio como a percepção de esforço, também não atingiram níveis de significância dentro das fases do teste;
- No que diz respeito ao dióxido de carbono expirado, houve uma variação significativa quando os participantes utilizaram a máscara N95 na maioria das fases do exercício.
CONCLUSÃO
Mesmo que o nível de dióxido de carbono tenha tido uma pequena variação, o estudo demonstra que utilizar a máscara durante a atividade física não trará prejuízos à saúde ou ao organismo! Isso porque não existe comprometimento no consumo de oxigênio ou um aumento no nível de gás carbônico que seja prejudicial. Ou seja, a corrente “do zap” é mito.
O estudo complementa que um dos maiores problemas está na sensação de desconforto e na resistência do ar ao passar pela máscara.
Aplicando os testes…
Como sou um pouco curiosa, há alguns dias atrás eu “apliquei” o teste em mim. Para isso, fiz algumas aulas de bike academia perto de casa. Uma aula com o uso de máscara de pano, uma com a máscara cirúrgica e outra com a máscara mencionada no estudo.
O que eu senti?
- Senti o real desconforto com a máscara de pano; a máscara ficou bem suada (mostrando já um bom indicativo para fazer a troca da mesma). Ao respirar pela boca, a máscara de pano ficou um pouco presa.
- Com relação a máscara cirúrgica e a N95, eu preferi usar a máscara cirúrgica já que a N95 eu senti o ar um pouco mais “preso” e que o ar demorava um pouco mais a vir. Sensação essa que não senti com a máscara cirúrgica.
Mas sabem o melhor? Eu consegui resistir ao treino! Portanto, isso confirma ainda mais o estudo realizado. Certamente o uso de máscara não é prejudicial e que fica evidente o quanto nosso corpo é adaptável.
Por este motivo, use máscara, previna-se e cuide dos demais.
Referência do Texto:
Epstein, D , Korytny, A , Isenberg, Y , et al. Retorno ao treinamento na era COVID ‐ 19: Os efeitos fisiológicos das máscaras faciais durante o exercício . Scand. J. Med. Sci. Esportes . 2020 ; 00 : 1 – 6 . https://doi.org/10.1111/sms.13832
Foto Destaque: globoesportes.com